Um Turismo Sadio

Por Alex Furtado (extraído do site www.portalbonito.com.br).


Alex Furtado, Presidente da Agência Ar, no 31º Encontro Comercial da Braztoa (26 e 27 de março de 2009)
Foto: Marcelo Gil da Silva

Bonito e Pantanal são exemplos mundiais da preservação e organização turística, impossível qualquer turista que nos visite não ser surpreendido com nosso senso de hospitalidade, de organização e de preservação.

Temos que tomar cada vez mais cuidado para manter as raízes que nos diferenciam. Empresas mal planejadas podem estar entrando em conflito com nosso modelo de organização turística.

Muitos hotéis, atrativos turísticos, ou agencias de turismo iniciaram nos últimos tempos um conflito comercial interno com a crise do Turismo no ano de 2008.

A ganância e senso de sobrevivência de empresários despreparados - gera um mal estar na cadeia produtiva - que com o baixo fluxo tenta prostituir o organograma turístico local.

Enquanto muitas operadoras e agências de turismo receptivas do MS buscavam a captação de turistas de forma profissional, em feiras nacionais e internacionais, em anúncios em âmbito nacional e internacional para propagar o destino; Muitos hotéis iniciaram a pratica de colocar pequenas agências de turismo em seus estabelecimentos para conseguir captar os turistas que visitavam Bonito e Pantanal oriundo do marketing de operadoras e agências profissionais.

Isso não só feriu a cadeia produtiva como o atendimento do turista que na maioria das vezes era atendido pelo próprio recepcionista do hotel ou por funcionários não preparados e sem conhecimento gerando inúmeras reclamações de insatisfação.

No mesmo tempo que estes hotéis tentavam tirar clientes de seus próprios fornecedores (as agências de turismo profissionais) perdiam ainda mais mercado e não atendiam - nem como meios de hospedagem - os seus clientes a altura.

Quando um turista liga para uma agência de turismo ele paga o mesmo preço que o hotel cobra, mas, em uma agência ele tem um atendimento que faz com que vá se hospedar com o hotel de seu perfil. Ao contrario quando ele compra direto do hotel mesmo o hotel não tendo o perfil do turista fará de tudo para hospedar-lo gerando futura insatisfação com o próprio destino turístico e á longo prazo uma propaganda negativa.

Este ato impensado de hotéis em Bonito e no Pantanal fazem com que as Agências profissionais não tenham fôlego financeiro para propagar o destino e tampouco caixa para ajudar com o próprio fluxo pontual dos hotéis. E, o tiro no pé - vulgarmente falando - dos meios de hospedagem que agem desta maneira faz com que os próprios tenham crise financeira por sua total falta de planejamento e parceria com um meio turístico funcional e modelo.

E as pessoas responsáveis pelo turismo institucionalmente no governo ou prefeituras parecem apoiar e incentivar o ato errôneo de alguns empresários por total falta de conhecimento da área em que atuam profissionalmente; Este é o problema de cargos políticos e de governos sem participação empresarial e visão estratégica.

Muitos governantes e empresários a nível Estadual e Municipal pensam ainda com mentalidade do século passado e me fazem lembrar os estágios de evolução:

Era das cavernas: O mais forte batia no mais fraco e levava a mulher dele e suas riquezas – época da força.

Era do dinheiro: Quem tem mais bois, mais capital e mais dinheiro mandava no mercado – é a era em que estão ainda os que tentam agir contra o fluxo organizacional. 

Era da informação: Nosso período atual no mundo, quem tem conhecimento e informação se agiliza, driblando a crise e superando-a com idéias – acredita no poder da interdependência em um destino e o foco é de crescimento linear.

Muitos que ainda pensam que ter uma agência em hotel ou venderem direto sem o respeito á cadeia produtiva traz mais verba para o destino devem mudar o foco. Muitos que ainda pensam em trabalhar sozinhos sem respeitar a cadeia produtiva devem mudar, e isso vale tanto para os empresários que podem acabar com sua empresa pensando somente em seu umbigo assim como para os cargos políticos que não seguem a era da informação e ainda estão na era do dinheiro.

É hora de mudança no mundo e se não tivermos um foco uno não prosperaremos em nosso destino.

Vamos entrar em uma era crescente de prosperidade mesmo em momento de crise internacional se haverem ações efetivas de fiscalização de leis turísticas que já existem e de cobrança e união de empresários profissionais com, como diz o ditado – cada macaco no seu galho.

Devemos ter associações organizadas com foco geral e não só em sua base e evoluirmos como cidadãos interdependentes respeitando uns aos outros.

Esta cobrança por desenvolvimento de um destino sadio fará com que nosso profissionalismo e competência atinjam um nível modelo no país e no mundo – depende de cada um de nós lutarmos não somente pela nossa sobrevivência, pois não adianta sobrevivermos corroendo nosso destino com praticas insociáveis.

Nosso juiz é nosso turista e é a sua plena satisfação que devemos almejar. Respeitar-lo e respeitar-nos sem conflitos internos e com praticas sociais nos farão atingir o objetivo conjunto e, fazer não só de nosso turismo uma cadeia organizada e próspera como também equalizada e linear.

 

Alex Furtado é escritor, viajou por mais de 50 paises durante 10 anos, morou sete anos a bordo de um veleiro, foi fundador da ONG SOSJERI em Jericoacoara, no Ceará. Vendeu mais de 50.000 livros por todo o país e foi autor de "Aventuras na América do Sul" e "Um Veleiro Muitas Histórias" . Hoje é proprietário da Agência Ar em Bonito- empresa em certificação ISO 9001 e 14001 - escreve seus livros aqui e está envolvido diretamente com o eco-turismo e expedições a mais de dez anos. Palestrante de feiras como Adventure Sport Fair e Rio Boat Show ele ainda da assessoria e palestras em todo país. Eleito neste ano Presidente/ Coordenador do Fórum Estadual de Turismo coordena a instituição mais abrangente do turismo no Mato Grosso do Sul.

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